segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

As leis de Kirchhoff

As leis de Kirchhoff são assim chamadas em homenagem ao físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887) e são baseadas no Princípio da Conservação de Energia e no Princípio de Quantidade de Carga.
As Leis de Kirchhoff regem a associação de componentes num circuito. Ao contrário da Lei de Ohm, cujo âmbito é a resistência, as Leis de Kirchhoff das tensões e das correntes estabelecem as regras às quais devem respeitar as associações de componentes. A aplicação conjunta das Leis de Kirchhoff e de Ohm permite obter um conjunto de equações cuja resolução conduz aos valores das correntes e das tensões aos terminais dos componentes.

Lei das Malhas (tensões):

A Lei das Malhas determina que, em qualquer instante, é nula a soma algébrica das tensões ao longo de qualquer malha.
Leis de Kirchhoff
Figura 1 – Esquema representativo da Lei das Malhas
De acordo com o sentido de referência das tensões representadas na figura anterior e circulando no sentido dos ponteiros do relógio, a lei das malhas permite obter a equação:

Leis de Kirchhoff
Note-se que se considerou o simétrico das tensões u2 e u4 uma vez que o seu sentido de referência representado é o oposto ao de circulação. Não é determinante escolher o sentido horário ou o anti-horário, pois as equações obtidas de uma ou outra forma são exactamente equivalentes.
Leis de Kirchhoff
 
Figura 2 – Malhas do circuito
O somatório das tensões ao longo da malha ser nulo, equivale a dizer que é nulo o trabalho necessário para deslocar uma carga ao longo da malha fechada. Isto acontece porque o sistema é conservativo.
Relativamente ao circuito representado na figura 2, a aplicação da Lei das Malhas conduz a:
  • Na malha vermelha e circulando no sentido horário
Leis de Kirchhoff
  • Na malha azul e circulando no sentido horário
Leis de Kirchhoff
  • Na malha verde e circulando no sentido horário
Leis de Kirchhoff
Das 3 equações representadas, apenas duas são linearmente independentes.
Existindo M malhas no circuito, a Lei das Malhas permite escrever M – 1 equações linearmente independentes
A última equação permite afirmar que a tensão aos terminais do elemento 2 é igual à tensão aos terminais do elemento 3; por outras palavras, os dois elementos apresentam a mesma tensão aos seus terminais.

 
Lei dos Nós (Correntes):

Apenas com o conhecimento dos elementos que constituem o circuito e respectivas equações características, não é possível determinar a totalidade das tensões e correntes presentes num circuito. Será ainda necessário o conhecimento de uma outra importante lei, a lei dos Nós (ou das correntes) de Kirchhoff.
Leis de Kirchhoff
Figura 3 – Esquema representativo da Lei dos Nós
A Lei dos Nós determina que, em qualquer instante, é nula a soma algébrica das correntes que entram num qualquer nó.
Leis de Kirchhoff
 
De acordo com as correntes representadas na Figura 3, a lei dos nós permite obter a equação:
Leis de Kirchhoff
Note-se que se considerou o simétrico das correntes i2 e i3 uma vez que o seu sentido de referência representado é o de saída do nó. Obter-se-ia uma equação equivalente se, no enunciado da lei dos nós, a palavra “entram” fosse substituída pela palavra “saem”.
Se, em algum instante, a soma das correntes que entram no nó não fosse nula, isso quereria dizer que o nó estava a acumular carga (pois corrente, é um deslocamento de cargas). Contudo, um nó é um condutor perfeito e, portanto, não pode armazenar carga.
Leis de Kirchhoff
 
Figura 4 – Correntes do circuito

Relativamente ao circuito representado na figura anterior, a aplicação da Lei dos nós conduz a:
  • No nó A
Leis de Kirchhoff
  • No nó B
Leis de Kirchhoff
  • No nó C
Leis de Kirchhoff

Das 3 equações representadas, apenas duas são linearmente independentes.
Existindo N nós no circuito, a Lei dos Nós permite escrever N – 1 equações linearmente independentes.
A primeira equação permite afirmar que a corrente que sai da fonte é igual à corrente que entra no elemento 1; por outras palavras, a fonte e o elemento 1 são percorridos pela mesma corrente.
Para além de permitir resolver os circuitos, as duas leis referidas anteriormente possibilitam ainda a derivação de um conjunto de regras simplificativas da análise dos circuitos. Designadamente, as regras de associação em série e em paralelo de resistências, as regras dos divisores de tensão e de corrente, as regras de transformação entre fontes de tensão e de corrente, as regras de associação de fontes de corrente e de tensão, entre outros.

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